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COP30, Antropoceno e Ordem Multiplex: entre o colapso climático e a política planetária

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COP 30 em Belém foi, ao mesmo tempo, um momento de inflexão e de continuidade no regime climático. Vista a partir da ideia de ordem multiplex de Acharya, das críticas do Antropoceno (Harrington), do projeto de Planet Politics e das perspectivas indígenas sobre a Terra e a soberania, ela aparece menos como “virada histórica” e mais como um sintoma eloquente do mundo em que a gente já está: um mundo de múltiplas ordens, múltiplos mundos em risco e múltiplas lutas pelo direito de continuar existindo.

Vou organizar a análise em quatro movimentos: (1) o que COP 30 efetivamente entregou; (2) como isso se inscreve numa ordem multiplex; (3) o que aparece quando olhamos Belém com as lentes do Antropoceno, de Planet Politics e das perspectivas indígenas; e (4) o que esperar para os próximos anos.


1. O que COP 30 entregou – e o que ficou de fora


Do ponto de vista do regime climático, a COP 30 produziu um pacote visível de decisões – o chamado “Pacote de Belém” e, dentro dele, a Decisão do Mutirão. Os textos ainda estão em versão não-editada, mas os principais elementos já aparecem nas sínteses oficiais e nas análises de think tanks e organismos multilaterais. Três resultados se destacam nesse conjunto.


Em primeiro lugar, finanças e adaptação ganharam corpo. A Decisão do Mutirão estabeleceu a meta de triplicar o financiamento para adaptação até 2035, reforçou a linguagem de justiça climática e vinculou a discussão de finanças a perdas e danos e à transição justa. Além disso, um avanço importante – pouco vistoso, mas tecnicamente significativo – foi a aprovação de indicadores para o Global Goal on Adaptation (GGA), permitindo medir de forma mais consistente a resiliência em água, alimentos, infraestrutura, alerta precoce e acesso a financiamento.


Em segundo lugar, florestas e povos da floresta ganharam recursos, ainda que não um novo regime. Em Belém se consolidou um bloco de iniciativas voltadas às florestas tropicais, com destaque para o Tropical Forests Forever Facility, que já saiu da COP com cerca de US$ 7 bilhões em promessas (com objetivo de US$ 25 bilhões públicos e US$ 100 bilhões privados), dos quais 20% seriam direcionados a povos indígenas e comunidades locais. Somam-se a isso US$ 1,8 bilhão prometido para direitos fundiários indígenas e US$ 2,5 bilhões para a Bacia do Congo.


Por fim, houve um impulso para novas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs, em inglês) e para a chamada “missão Belém”, mas o “elefante fóssil” permaneceu no canto da sala. Mais de 120 Partes submeteram NDCs novas ou atualizadas, cobrindo a maioria das emissões globais e projetando uma redução de cerca de 12% das emissões em relação a 2019 até 2035 – ainda insuficiente para alinhar o mundo a 1,5 °C, mas melhor do que o cenário pré-COP.


A “missão Belém” buscou reforçar a cooperação em mitigação, porém o texto final não apresentou um roteiro global de eliminação dos combustíveis fósseis, nem um plano claro de fim do desmatamento, apesar da pressão de uma coalizão ampla de países pela transição energética e por metas mais explícitas.


Do lado político, chama atenção que o acordo foi fechado sem os Estados Unidos na mesa, em meio a forte lobby da indústria fóssil, mas ainda assim acompanhado de um discurso oficial de que “a cooperação climática está viva” e que 1,5 °C segue “ao alcance”. Entretanto, já se sabe que com a atual vontade política na próxima década já devemos passar de 1,5 °C e começar a trabalhar de fato com um aumento de 2 °C.


Em resumo, a COP 30 avançou em finanças, adaptação e florestas, mas recuou ou patinou justamente onde o Planet Politics diria que está o nó central: a decisão de encarar os fósseis como problema político e jurídico, não apenas econômico.


2. COP 30 vista da ordem multiplex: liderança sem hegemonia


Se a gente parte da ordem multiplex de Acharya, a COP de Belém parece quase um estudo de caso perfeito. A ideia de Acharya é que a ordem internacional contemporânea não é mais um condomínio ocidental, mas uma teia de ordens parciais, regionais, civilizacionais e temáticas, com múltiplos centros de poder e de produção de normas. Dentro desse quadro, COP 30 mostra alguns traços nítidos.


A ausência dos Estados Unidos não implode o processo. O fato de a conferência ter chegado a um acordo relevante, mesmo sem Washington na mesa e com resistência dura de exportadores de petróleo, indica uma ordem climática em que nenhum ator isolado é indispensável, embora possa ser bloqueador. O Brasil, por sua vez, encarna o caráter ambivalente da liderança do Sul Global: aparece, ao mesmo tempo, como guardião da Amazônia – com queda da taxa de desmatamento e diplomacia climática ativa – e como exportador crescente de petróleo, numa das maiores contradições da política climática contemporânea. Isso é típico da ordem multiplex: lideranças regionais do Sul negociam simultaneamente em nome da justiça climática e da continuidade de seus modelos de desenvolvimento.


Além disso, coalizões temáticas e regionais ganham peso. O bloco de países florestais, as alianças em torno da adaptação, as redes de cidades e de atores subnacionais reforçam a imagem de uma governança em rede, não centrada em um eixo Norte global homogêneo. A ordem multiplex, porém, não é automaticamente mais justa. Ela é mais plural, mas essa pluralidade pode tanto abrir espaço para vozes antes marginalizadas (povos indígenas, quilombolas, países africanos) quanto reforçar uma geopolítica de interesses cruzados, em que cada um tenta maximizar sua margem de manobra num planeta em aquecimento. COP 30 mostra exatamente isso: florestas e povos da floresta entram como eixo da agenda, mas o sistema fóssil-industrial continua estruturando o campo do possível.


3. Antropoceno, Planet Politics e os “fins de mundos” em Belém


Se a gente lê Belém com Harrington, a sessão muda de tom. A pergunta deixa de ser só “o que a COP entregou?” e passa a ser: “Que mundos ela aceitou salvar e que mundos ela aceitou sacrificar?”

Harrington está preocupada com os “fins de mundos” no plural: o fim dos mundos costeiros que serão engolidos pelo mar, dos mundos indígenas destruídos por desmatamento e mineração, das espécies que desaparecem – e também o fim do “mundo” conceitual de RI, que sempre tratou a Terra como cenário. A COP 30, realizada no coração da Amazônia em meio a enchentes e incêndios na própria região durante o evento, torna essa multiplicidade de fins de mundo particularmente visível.

Ao mesmo tempo, o Manifesto Planet Politics diria que Belém encena, de forma quase didática, a “dupla crise”:

  1. Crise ecológica extrema – o relógio da Terra. A ciência segue indicando que estamos perigosamente perto (ou já dentro) de um overshoot de 1,5 °C.

  2. Crise das instituições – o relógio das negociações. As decisões avançam, mas na velocidade da diplomacia entre Estados, não na velocidade dos sistemas-Terra. O fato de o texto final evitar a palavra “fóssil”, apesar da pressão de dezenas de países, é um sintoma claro dessa assimetria.

De um lado, o Mutirão tenta responder com mais dinheiro, mais indicadores, mais metas procedimentais. De outro, a ausência de um compromisso robusto com a eliminação dos fósseis e com o fim do desmatamento mostra que a política global ainda administra o colapso, em vez de interrompê-lo.

Na linguagem de Planet Politics: a Terra ainda não entrou plenamente como sujeito. Ela aparece como “risco”, “limite”, “cenário crítico”, mas não como entidade com direitos próprios, nem como referência última da legitimidade da ordem.


4. Thing-systems e a materialidade da COP: infraestruturas que decidem


Quando a gente coloca os óculos de “thing-systems” de Burke & Fishel, a COP 30 deixa de ser apenas um encontro de diplomatas em Belém e aparece como um grande tabuleiro onde diferentes redes sociotécnicas se enfrentam e se protegem. De um lado, estão os sistemas de medição e modelagem climática – satélites, supercomputadores, estações meteorológicas, bancos de dados do IPCC, algoritmos de projeção – que produzem números como “1,5 °C”, “2,7 °C” ou “orçamento de carbono”.


Esses números não são neutros: eles delimitam o que é visto como urgente, o que parece possível e quais trajetórias entram na mesa de negociação, dando a esses sistemas de coisas um poder silencioso de enquadrar o debate.


De outro lado, há o sistema fóssil-industrial, feito de oleodutos, refinarias, plataformas em alto-mar, portos, caminhões, navios, contratos financeiros, subsídios e cadeias logísticas globais. Esse é o “elefante de aço” na sala: mesmo enquanto a COP discute transição energética, esse sistema continua a se expandir no Brasil e em outros países, criando empregos, receitas fiscais e dependências materiais que tornam politicamente custoso cortar o cordão umbilical com petróleo, gás e carvão. Ao invés de ser apenas um “interesse” que pode ser negociado, ele funciona como uma rede pesada, difícil de desmontar, que puxa o mundo de volta para a normalidade fóssil.


Ao mesmo tempo, emergem os sistemas florestais-financeiros, como o Tropical Forests Forever Facility e os mercados jurisdicionais de carbono (JREDD+), que buscam alinhar preservação de florestas e fluxos de capital. Eles combinam florestas em pé, territórios indígenas, satélites de monitoramento, metodologias de certificação, bancos, fundos de investimento e governos subnacionais. Em tese, oferecem uma saída: pagar pela manutenção da floresta e premiar quem cuida da terra. Mas, se não forem desenhados sob critérios de justiça territorial e participação efetiva de povos indígenas e comunidades locais, podem reproduzir velhas assimetrias, transformando territórios vivos em ativos de portfólio e comunidades em prestadoras baratas de serviços ambientais.


Por fim, há o sistema de infraestrutura da própria COP: rodovias, aeroportos, hotéis, centros de convenções, redes de energia, telecomunicações e segurança. A construção da controversa Avenida Liberdade, abrindo clareiras de floresta para facilitar o acesso ao evento, é uma metáfora brutal dessa lógica: derruba-se a floresta para sediar a conferência que deveria salvá-la. Não se trata de hipocrisia individual, mas da força de um sistema de coisas que exige asfalto, concreto e expansão urbana para funcionar, mesmo num encontro “verde”.


Visto assim, o poder climático deixa de ser apenas “vontade política” de governos e passa a ser a inércia desses sistemas de coisas: energia, transporte, uso da terra, finanças, dados, infraestrutura urbana. O regime climático pós-Belém só será realmente transformador se conseguir reconfigurar esses thing-systems – desinvestindo da infraestrutura fóssil, redesenhando cadeias logísticas, fortalecendo sistemas territoriais de cuidado da floresta e reorientando finanças e dados para sustentar mundos habitáveis –, e não apenas produzir novos PDFs de decisão repletos de boas intenções em cima de uma materialidade que permanece a mesma.


5. Perspectiva indígena: pluriverso, guarda florestal e limites da inclusão


As perspectivas indígenas e decoloniais ajudam a enxergar um ponto incômodo que a COP 30 apenas roça na superfície: até que ponto o regime climático reconhece não só os direitos dos povos da Amazônia, mas também suas cosmologias, suas formas próprias de mundo, suas noções de território, tempo e cuidado? Em Belém, esse desconforto ficou evidente. De um lado, houve avanços concretos: anúncios de novas áreas protegidas para povos indígenas e quilombolas, recursos destinados diretamente à garantia de direitos territoriais e um reconhecimento explícito, no discurso oficial, de que povos originários e comunidades tradicionais são “guardiões da floresta” e, de fato, mantêm níveis de desmatamento bem menores do que outros usos da terra. Isso não é trivial: deslocar esses povos do lugar de “população vulnerável” para o de protagonistas da solução climática é uma vitória simbólica e política importante.


Por outro lado, a realidade do território insiste em desmentir a celebração de plenário. O caso da comunidade quilombola de Menino Jesus, a poucos quilômetros de Belém, expõe essa contradição de modo quase cruel: ali, uma comunidade reconhecida como exemplo de manejo sustentável e biodiversidade preservada enfrenta a ameaça de um aterro sanitário que pode destruir seu território. Enquanto líderes quilombolas falam em painéis sobre justiça climática, seus mundos seguem sendo tratados como espaços disponíveis para receber lixo, empreendimentos ou grandes obras de infraestrutura. Em outras palavras, na COP, povos indígenas e quilombolas são saudados como parte da solução; no chão da Amazônia, seus mundos continuam sendo historicamente sacrificáveis.


Autores como Krenak, Kopenawa, Querejazu e Urt ajudam a formular essa crítica com mais precisão. O problema não é apenas “falta de inclusão” nas mesas de negociação; é mais profundo. O regime climático ainda opera, em grande medida, com a ideia de que a Terra é um “recurso” a ser gerido de forma racional e eficiente, e de que comunidades indígenas e quilombolas são “parceiras”, “beneficiárias” ou “implementadoras” de projetos desenhados em outro lugar. Mesmo quando o discurso é elogioso, elas são raramente reconhecidas como co-sujeitos de soberania, nem como coprodutoras da própria ordem internacional. As suas cosmologias – que veem rios, florestas, montanhas e espíritos como parte de um tecido vivo, não como estoque de carbono – seguem sendo traduzidas para a linguagem de serviços ambientais e métricas contábeis, o que empobrece a potência política do pluriverso que essas perspectivas trazem.


Se levamos a sério a combinação de Planet Politics, perspectivas indígenas e ordem multiplex, uma ordem climática minimamente justa teria que mudar de patamar. Isso implicaria, no mínimo, demarcar e proteger efetivamente territórios indígenas e quilombolas, garantindo poderes reais de co-decisão sobre qualquer projeto que impacte clima e biodiversidade – e levando o FPIC (consentimento livre, prévio e informado) a sério, não como formalidade. Implicaria também reconhecer juridicamente entidades não humanas, como rios, florestas e montanhas, como sujeitos de direito, coerente com cosmologias que não separam natureza e sociedade da mesma forma que o direito ocidental faz. E exigiria abrir as instâncias de autoridade global – conselhos, fundos, comitês, tribunais – à participação plena de povos indígenas e comunidades locais, não apenas como sociedade civil convidada a falar cinco minutos, mas como parte do desenho e da tomada de decisão.


Belém ensaia fragmentos desse futuro: há mais recursos para direitos territoriais, mais espaços de fala, mais reconhecimento da centralidade da Amazônia e de seus povos. Mas tudo isso ainda se dá numa arquitetura em que Estados e empresas ocupam o centro da mesa, enquanto aqueles que seguram a floresta nas costas continuam nas bordas, frequentemente chamados para legitimar decisões já tomadas. A COP 30, vista por essa lente, é menos o ponto de chegada de uma “inclusão” bem-sucedida e mais um lembrete de que, sem pluriverso de fato – isto é, sem múltiplos mundos, cosmologias e sujeitos compartilhando poder – o regime climático corre o risco de seguir administrando o colapso de alguns mundos para manter a sobrevivência confortável de outros.


6. O que esperar para os próximos anos?


Juntando essas lentes – ordem multiplex, Antropoceno, Planet Politics, thing-systems e perspectivas indígenas – o futuro próximo do regime climático pós-COP 30 tende a ganhar contornos relativamente nítidos. De um lado, veremos um regime mais denso em adaptação e finanças, com o Mutirão e os indicadores do Global Goal on Adaptation alimentando dezenas de planos nacionais de adaptação, projetos de infraestrutura resiliente, seguros climáticos e mecanismos financeiros inovadores.


Esse movimento tende a profissionalizar a gestão do risco climático, refinar métricas e criar novas oportunidades de investimento. Mas, se não houver uma guinada política real sobre carvão, petróleo e gás, o que estaremos fazendo, em grande medida, é sofisticar a administração do desastre: melhoraremos a capacidade de conviver com o colapso, sem alterar de forma estrutural as causas que o produzem.


Ao mesmo tempo, a ordem climática deve se tornar ainda mais multiplex. A tendência é de maior protagonismo de coalizões específicas – países florestais, alianças pela adaptação, redes de cidades, coletivos de juventudes e povos indígenas –, com uma proliferação de iniciativas fora da UNFCCC e uma diplomacia mais fragmentada. Brasil, Índia, China, União Europeia, países africanos e pequenos Estados insulares disputarão narrativas de justiça, desenvolvimento e transição, ora convergindo, ora se bloqueando.


Em vez de uma “ordem climática liberal” única, teremos uma constelação de ordens parciais, sobrepostas e conflitantes, o que abre espaço para inovação, mas também para novas formas de assimetria.


Nesse cenário, os conflitos em torno dos thing-systems centrais tendem a se acirrar. Disputas sobre gasodutos, novas estradas na Amazônia, megaprojtos de energia, mercados de carbono, cadeias de hidrogênio “verde” e a digitalização do monitoramento climático ganharão centralidade política.


Cada decisão de infraestrutura passará a ser, cada vez mais explicitamente, uma decisão sobre quais mundos sobrevivem e quais serão sacrificados: o da floresta ou o da mineração, o da pesca tradicional ou o do porto de exportação, o da água limpa ou o do agronegócio intensivo. Ao mesmo tempo, é provável que se intensifiquem as lutas territoriais e cosmopolíticas na Amazônia.


Casos como o dos quilombolas próximos a Belém tendem a se multiplicar: comunidades celebradas como “parte da solução” no discurso global e atacadas por projetos de lixo, logística, energia ou mineração em nível local. Diante disso, essas comunidades têm cada vez mais incentivos para se articular transnacionalmente, reclamando não só proteção, mas uma voz vinculante na arquitetura do regime climático.


Por fim, a pressão por um giro de Planet Politics no direito internacional deve crescer. A discussão sobre tipificar o ecocídio, reconhecer direitos da natureza, criar tribunais ecológicos e redesenhar formas de soberania orientadas à integridade do sistema-Terra tende a sair da periferia acadêmica para entrar, ainda que lentamente, em agendas diplomáticas e judiciais. Esse movimento encontrará resistência feroz de Estados dependentes de fósseis e de grandes empresas, mas a combinação de eventos extremos, litigância climática e mobilização social tende a empurrar a fronteira do juridicamente pensável.


Em linguagem bem direta, o dilema fica claro: se permanecermos apenas na lógica do Mutirão – mais dinheiro, mais indicadores, mais NDCs – sem tocar na raiz fóssil e sem reconhecer a Terra e os povos da Terra como sujeitos plenos, o regime climático seguirá sendo um gestor elegante de fins de mundos. Se, ao contrário, as próximas COPs começarem de fato a deslocar os thing-systems fósseis, fortalecer a governança indígena e ecológica e institucionalizar uma visão de ordem multiplex que inclua múltiplos mundos e múltiplas espécies, então Belém poderá ser lembrada não só como a COP da Amazônia, mas como o início de uma política planetária à altura do Antropoceno.


Até lá, a pergunta que vale levar para a sala de aula – e deixar ecoando nos alunos – permanece simples, mas profundamente incômoda: depois da COP 30, estamos construindo um regime para manter o planeta habitável, ou um regime para tornar o colapso mais gerenciável para alguns e mais mortal para outros?



Referências e Sugestões de Leitura


ACHARYA, Amitav. Global International Relations (IR) and Regional Worlds: a new agenda for international studies. International Studies Quarterly, v. 58, n. 4, p. 647-659, 2014.

ACHARYA, Amitav; BUZAN, Barry. The Making of Global International Relations: Origins and Evolution of IR at its Centenary. Cambridge: Cambridge University Press, 2019. 

BURKE, Anthony et al. Planet politics: a manifesto from the end of IR. Millennium: Journal of International Studies, v. 44, n. 3, p. 499-523, 2016. BURKE, Anthony; FISHEL, Stefanie. Power, world politics, and thing-systems in the Anthropocene. In: BIERMANN, Frank; LÖVBRAND, Eva (org.). Anthropocene Encounters: New Directions in Green Political Thinking. Cambridge: Cambridge University Press, 2019. p. 87-108. 

HARRINGTON, Cameron. The ends of the world: international relations and the Anthropocene. Millennium: Journal of International Studies, v. 44, n. 3, p. 478-498, 2016. 

KOPENAWA, Davi; ALBERT, Bruce. A queda do céu: palavras de um xamã Yanomami. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.

KRENAK, Ailton. Ideias para adiar o fim do mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 2019. 

QUEREJAZU ESCOBARI, Amaya. Encountering the pluriverse: looking for alternatives in other worlds. Revista Brasileira de Política Internacional, v. 59, n. 2, 2016. 

URT, João Nackle. How Western sovereignty occludes indigenous governance: the Guarani and Kaiowa peoples in Brazil. Contexto Internacional, Rio de Janeiro, v. 38, n. 3, p. 865-886, 2016. 

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